terça-feira, 17 de março de 2009

A democracia burguesa

Acompanhar algumas notícias internacionais pela mídia burguesa, é no mínimo um teste do tipo: até onde sua paciência vai? como não é nenhuma novidade, mais uma vez, em uma das matérias a cantinela é "medidas de Chaves expõe viés antidemocrático". Pois bem, vamos aos fatos, em primeiro lugar, precisamos saber para os que escreveram a matéria, qual o conceito de democracia? o que é uma nação soberana e democrática? definitivamente, não incluirão nações como EUA e Inglaterra como antidemocráticas. O primeiro país mencionado dispensa apresentações, é responsável pelos atos mais cruéis ao longo da históia da humanidade, como intervenções militares, expropiação de matéria-prima e reserva de petróleo em outros países, atos que ferem os direitos humanos internacionais... O segundo país, tem uma pseudodemocracia, uma mornaquia parlamentarista, onde o primeiro-ministro Tony Blair, permaneceu no poder por 10 anos, sendo responsável pelo apoio incondicional aos EUA, na invasão do Iraque e do Afeganistão, enviando tropas inclusive. Não menos diferente que a antecessora, a conservadora Margareth Thatcher, que ficou por 12 anos no poder. Vale salientar que a responsabilidade pela escolha do politico que assumirá o cargo de primeiro-ministro é do partido e não da população.
Entretanto, na hora de classificar um país antidemocrático sempre incluem a Venezuela, como exemplo cabal, porém, esquecem que o presidente é eleito democraticamente pelo povo, as mudanças que estão ocorrendo são feitas por aprovação popular através dos referendos, exemplos como o fim do analfabetismo, estatização das indústrias de petróleo e reforma agrária a favor da população, eles jamais declaram. Não declaram também, que este mesmo governo foi alvo de uma tentativa de golpe planejado pela elite local e pelos EUA em 2001.
Definitivamente, o conceito de democracia para eles é diferente do nosso.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

As crises capitalistas de cada dia...

A crise econômica capitalista ocorrida no final do ano passado não trouxe apenas resultados catastróficos imediatos, ela desencadeou conseqüências desastrosas, que são sentidas até hoje, e, conseqüentemente ainda dará sinais de existência num futuro bem próximo.
De fato, esta não foi a primeira crise do sistema capitalista que temos notícia, nem tampouco será a última. A primeira grande crise ocorreu em 1929, com a quebra da bolsa de Nova York. Desemprego, fechamento de fábricas, aumento da pobreza, foram algumas das conseqüências já conhecidas por todos nós. Este fato desencadeou ainda, num efeito dominó, atingindo várias nações do mundo, inclusive o Brasil. Já na década de 70, ocorreu uma crise sem precedentes que atingiu a produção petrolífera, o resultado é que em apenas 1 ano o preço do barril de petróleo quadruplicou no mercado mundial.
Em 2000, o estouro da bolha, como ficou conhecida a crise. Resultou da especulação financeira internacional sobre as empresas Norte-americanas, essencialmente. Resultado: em cinco dias a Nasdaq, bolsa de tecnologia dos EUA, caiu 10%. Em seguida ocorreram as crises na Turquia e na Argentina, ambos em 2001. Como podemos observar, as crises econômicas são intrínsecas ao capitalismo, mas por que ocorrem as crises econômicas? As crises econômicas do sistema capitalista são resultado da superprodução de mercadorias. Naturalmente como o mercado não funciona de forma harmônica, há contradições entre a mercadoria que está sendo oferecida e a apropriação destas mesmas mercadorias pela população, ou seja, nem sempre o que é produzido em grande escala é consumido, isso é o fruto da contradição existente entre o desenvolvimento da produtividade, a diminuição da proporção de capital variável e a diminuição da base de extração da mais-valia, como analisou Marx.
As conseqüências da última crise são sentidas até hoje, no Brasil, por exemplo, a GM anunciou o corte de 1633 funcionários, a multinacional holandesa Philips anunciou a dispensa de 6 mil funcionários em todo o mundo, a poucos dias a EMBRAER, empresa fabricante de aviões, divulgou a demissão de mais de 400 empregados na fábrica do grande ABC. Só em São Paulo, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), 130 mil postos de trabalho foram fechados em dezembro de 2008 no setor industrial. Naturalmente, estas crises atingem principalmente o trabalhador, que ver os preços dos produtos aumentarem, seu emprego sendo cortado e a pobreza persistir.
Por isso, precisamos entender que as crises são inerentes ao capitalismo, só há crise quando a economia é tomada por uma ação anárquica da superprodução de mercadorias, na acumulação de capitais e na contradição do próprio sistema capitalista. Diante disto, é preciso acabar com este sistema opressor e construir o sistema cuja economia é baseada no atendimento dos anseios do povo e no fim de sua exploração, o socialismo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Conflitos no campo e impunidade

A pouco mais de quatro anos, exatamente no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, numa estrada pedregosa, falecia com o corpo crivado por seis balas, a missionária norte-americana, Dorothy Stang.
A religiosa dedicou mais da metade de sua vida na defesa dos direitos dos trabalhadores. Iniciou seus trabalhos na Região amazônica na década de setenta, desde o início sensibilizando-se com os trabalhadores rurais. Defendia veementemente uma reforma agrária que pudesse acabar com os latifúndios e promover a inserção da agricultura familiar, bem como o desenvolvimento sustentável. Promoveu amplo diálogo com lideranças políticas pelo fim dos conflitos na região, além disso, esteve presente na comissão parlamentar mista de inquérito sobre a violência no campo e denunciou o quadro de impunidade que permanecia no Estada do Pará, onde estava atuando, sobretudo a ação dos grileiros, que desrespeitavam terras já demarcadas.
Exatamente por ser destemida e lutar contra as injustiças no país e desafiar os interesses dos poderosos, acumulou inimigos, não os trabalhadores ou a gente pobre da região, mas sim, os seus inimigos, os grandes fazendeiros e os exploradores. Pelos interesses mesquinhos e gananciosos destes homens, que Dorothy tombou, ficaram as marcas da violência e o resultado da impunidade. Tanto que o principal acusado de mandante do crime, o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, mais conhecido como taradão, foi posto em liberdade no dia 16 de fevereiro, pelo Tribunal Regional Federal, com o pedido de Habeas corpus, mesmo possuindo diversas outras acusações como crimes ambientais, fraudes contra a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e trabalho escravo na Região.
O caso da missionária foi apenas um dos muitos que ocorrem no Brasil, em 2007 foram contabilizados pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) 1.538 conflitos e 28 mortes na disputa de terras. Outro número chocante é o de trabalhadores explorados, são 8.635, concentrados, essencialmente na lavoura da cana de açúcar.
Enquanto não promovermos uma reforma agrária ampla em nosso país, jamais poderemos acabar com os conflitos e as mortes no campo, é preciso acabar com o latifúndio, possibilitarmos a formação da agricultura familiar, organizar os trabalhadores em cooperativas camponesas, e acima de tudo, acabar com o clima de impunidade que ainda perdura no país. Enquanto não fizermos isso, dezenas, talvez centenas de Dorothy Stangs no Brasil, terão suas vidas destroçadas em nome do dinheiro.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Violência e banalidades

Talvez esta data, dia 07 de fevereiro de 2009, fique marcada para sempre na mente da mãe da jovem de 14 anos, assassinada juntamente com seu filho, ainda em seu ventre materno, na guerra de traficantes do Rio de Janeiro. Que importância tem para nós que corriqueiramente escutamos fatos de tal natureza nos telejornais diários e achamos tudo isso muito comum? Resmungamos algo do tipo: que absurdo! Ou mesmo: para onde caminha este país! E então voltamos rapidamente para os nossos afazeres como uma peça mecânica que funciona ao toque emblemático de um botão.
Que importância tem, quando seres humanos como nós, se acotovelam em pleno lixão na busca de sua sobrevivência diária: alimentos, roupas e até mesmo brinquedos. Que há de tão drástico assim, crianças dormirem embaixo de marquises em meio aos passos apressados dos transeuntes que se amontoam e se cruzam no centro da cidade, e o que dizer ainda, se por acaso falarmos de um horário em que o sol a pino chicoteia com veemência estas crianças, e eles, por algum motivo, nem dão conta desta situação.
Por que há de nos tocarmos com a população local, que em um acidente de caminhões que transportam mercadorias, se digladiam por esta mesma mercadoria, mesmo que no interior do veículo possam existir vítimas? A sobrevivência neste caso é mais importante que os sentimentos, por mais insignificantes que eles possam ser. Há fatos tão corriqueiros em nossa sociedade que os mesmos tornam-se banais, este é o caso da violência: ela está comumente disseminada no cotidiano das pessoas que ultrapassam os limites da normalidade. A violência em nosso país, mata mais que muitas guerras e sequer pensamos a respeito, achamos tudo normal, como se ela jamais possa nos atingir. Não paro de pensar um só minuto como esta mãe esteja se sentindo agora neste momento, deve está em prantos, coração amargurado, tentando achar uma explicação, há de culpar a polícia e suas investidas, muitas vezes inconseqüentes? Há de culpar os traficantes e seu poder paralelo, controlando os morros? Há de culpar a si mesma, como castigo enviado dos céus? O fato é que jamais terá sua filha de volta e jamais poderá acariciar e cuidar do neto que estava prestes a chegar. Jamais poderá parar de pensar em um fato tão drástico que acontecera. Ela sim, mesmo que clamasse para esquecer, talvez não conseguiria. Para nós, estes cidadãos indiferentes, restam-nos a reflexão e a escolha: continuaremos a venerar a normalidade ou inquietar-se, indignar-se, enfileirar-se aos que transformam este momento como um sentimento de revolta para transformar a sociedade que vivemos. Porque uma coisa hei de concordar com o Brecht: “nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar”.


sábado, 31 de janeiro de 2009

Uma voz que valeu por milhões


"Presidente Peres, é mais velho do que eu e tem uma voz forte. Penso que se sente um pouco culpado e daí que profira palavras tão fortes há tanto tempo", respondeu Tayyip Erdogan, para lançar a acusação contra o velho líder israelita: "O senhor matou pessoas. Lembro-me das crianças que morreram nas praias". Foram exatamente com estas palavras que o primeiro Ministro da Turquia Tayyip Erdogan se referiu diretamente ao presidente de Israel Shimon Peres, na reunião do Fórum Econômico de Davos. Na minha primeira postagem, no ápice do conflito entre Israel e a Palestina, falei da necessidade de um líder em qualquer parte do mundo, que pudesse denunciar as atrocidades cometidas por Israel, para que a comunidade internacional refletisse e se posicionasse contra o genocídio. E parece que minhas preces foram ouvidas, as palavras saíram como se milhões de seres humanos do mundo inteiro tivessem pronunciado-as, elas foram mais que isso, foram um tapa na arrogância, no terror e nas atrocidades cometidas. Cada um dos que acompanhou as notícias se sentiu tocado com aquele fato histórico.
Restou ao prêmio Nobel da Paz, Shimon Peres, que ironia do destino não? tentar explicar o inexplicável... O fato é que este dia ficará na história, como o dia em que a velha raposa fora questionada e denunciada publicamente para que os quatro cantos do mundo pudessem saber. Não foi à toa que o autor do feito teve seu dia de herói ao chegar em seu país.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fome e distribuição mundial de alimentos

Em 2004, a ONU lançou um documento intitulado: “O Estado de Insegurança Alimentar no Mundo-2004” este relatório alertava que a fome e a desnutrição levavam à morte, todos os anos, mais de cinco milhões de crianças, na maioria nos países subdesenvolvidos e não somente, afinal, países industrializados, os chamados de primeiro mundo também sofriam esse male. E mais: a meta em reduzir a fome no mundo até 2015 pela metade não estava sendo conseguida, o resultado é que 852 milhões de pessoas se subalimentavam entre 2000 e 2002, um aumento de 180 milhões de pessoas em comparação aos anos de 1995 a 1997.
O fato é que este mesmo relatório lançou um dado no mínimo chocante, que a cada cinco segundos uma criança morria de fome no mundo por falta de alimentos. Passados cinco anos após este relatório, pouco ou nada se fizeram para tentar reverter este quadro, muito pelo contrário, em um novo estudo divulgado por Jacques Diouf, secretário Geral da FAO (Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), no dia 26 de janeiro de 2009, revelou que o número de pessoas atingidas por carências alimentares tinha subido para 963 milhões de pessoas. Mas afinal, por que a produção mundial de alimentos cresce tanto e ainda há pessoas que morrem de fome no mundo?
Calcula-se que entre 1900 e 2000, a produção alimentar mundial aumentou cerca de 600%. Graças ao uso de fertilizantes químicos, o desenvolvimento de máquinas e equipamentos agrícolas, o aprimoramento de técnicas agrícolas, entre outros fatores. Hoje temos tecnologia e produção suficiente para alimentarmos dois planetas terras. Se isso é uma realidade internacional, não seria diferente no nosso país, em 2007, o Brasil produziu 133 milhões de alimentos, um crescimento de 13,7% em comparação ao recorde de 2003 segundo o IBGE, ou seja, somente a produção de grãos poderia alimentar naturalmente mais de 180 milhões de habitantes do país. Atrelado a isso, o país está entre os maiores exportadores de carne bovina do mundo. De acordo com a ABIEC (Associação brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), no acumulado do ano (janeiro a outubro de 2008) o Brasil exportou pouco mais de 1,89 milhão de toneladas de carne bovina, com faturamento de 4,67 milhões de dólares, um aumento em 26% em receita, apesar da crise capitalista internacional que ocorreu no final do ano passado. Diante destes dados refletimos: quantos milhões de brasileiros comem carne ou simplesmente fazem uma das refeições diárias necessárias para a manutenção vital?
Este crescimento substancial da produção agrícola tanto nacional como internacional, não trouxe e não trará benefícios para a maioria da população que necessitam desta produção. O grande problema está na distribuição e apropriação destes alimentos pela classe dos capitalistas. O grande montante da produção é quase que exclusivamente para exportação, países como Estados Unidos, Rússia e Inglaterra, são alguns dos importadores da carne brasileira, por exemplo. Para agravar ainda mais a situação, alguns países utilizam o alimento para a produção de combustíveis, como é o caso do milho nos Estados Unidos, ou esbanjam indiscriminado consumo e desperdícios de alimentos.
Portanto, a crise alimentar no mundo é resultado da necessidade de acumular lucros por parte dos capitalistas, eles jamais abrirão mão dos seus lucros pela compaixão em alimentar milhões de famintos espalhados pelo mundo. Assim, só a luta revolucionária dos trabalhadores poderá acabar de uma vez por todas com a fome no mundo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Já vai tarde

Ao término do seu mandato, o presidente George W. Bush deixa o cargo com uma série de resquícios de desastre em sua administração. Não é à toa que teve um dos piores índices de avaliação da história dos presidentes norte-americanos. Em oito anos estimulou o ódio, a revolta e a ira dos mais diferentes povos espalhados pelo mundo.
Vencedor de uma eleição controvérsia em que superou o candidato Al Gore, no Estado da Flórida com os votos de cinco delegados (vale salientar que estes cinco votos eram exatamente do estado governado por seu irmão, Jeb Bush), o ex-presidente foi responsável pela invasão do Afeganistão sob o pretexto de tentar encontrar Osama Bin Laden e sua Al Qaeda, ambos acusados pelo ataque em 11 de setembro de 2001. Ocupou o Iraque com a teoria de que o país possuía armas de destruição em massa. Resultado: nem Bin Laden nem armas foram encontradas. Hoje os dois países estão mergulhados nos mais graves conflitos civis que se tem notícia.
O orçamento para financiar a guerra aumentou vertiginosamente em sua gestão, em cinco anos de ocupação, foram gastos somente no Iraque cerca de $ 3 trilhões de dólares. Dinheiro este usado para compra de munição, armas, tanques, etc. Perseguiu governos populares e democraticamente eleitos pelo povo na América Latina, como Bolívia e Venezuela. Através de seu governo instituiu a prática de tortura como forma de extrair a delação dos presos, sobretudo dos acusados de terrorismo.
Foi alvo de imensas críticas da forma como eram tratados os presos na detenção de Guantânamo, em Cuba.
Provocou a ira de ambientalistas internacionais ao não assinar o protocolo de Kioto, (em que cada país se comprometeria em reduzir o lançamento de gases nocivos ao meio ambiente), com o pretexto de reduzir o faturamento das empresas norte-americanas. Este mesmo país é o maior poluidor da face da terra. Bush também cortou 34 milhões de dólares ao financiamento do Fundo dos Povos das Nações Unidas, em 2002. Promoveu uma série de tensões diplomáticas com a China, Coréia do Norte, Cuba e Irã, entre outros países que não se submetiam aos seus ditames e política externas.
Demorou na ação e no resgate da população, quando o furacão Katrina varreu o Estado de Nova Orleans, causando a morte de milhares de pessoas em 2005. Ainda em seu governo, o país sofrera uma das maiores crises econômicas de sua história, conclusão: aumento da desigualdade, corte no orçamento social, aumento do número de desempregados, fechamento de empresas e crescimento do índice de pobreza.
Ao se despedir da Casa Branca deixa uma herança maldita, um país mergulhado na recessão e na depressão econômica. Mas por outro lado, também deixa na população uma esperança que dias melhores virão, resta saber se Barack Obama terá o cacife e a auto-determinação de promover um governo progressista, algo muito difícil em épocas de imperialismo.




quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Posse do novo (ou velho) comandante da polícia civil do Pará

Execuções sumárias, assassinatos, crescimento dos assaltos, entre outros. Este é o quadro do Estado do Pará na atualidade, apesar do reforço das tropas de segurança nacional na capital Belém por conta do Fórum Social Mundial, marcado para acontecer este mês, os números confirmam a violência no estado. Nada mais natural que o governo reformule sua atuação, estabeleça projetos e mude os responsáveis pelo comando das polícias. E é exatamente isto que o governo do Pará faz. Quem assume o novo comando da polícia civil no estado é o delegado Raimundo Benassuly. Até aí tudo bem, se este delegado não fosse o mesmo que causara indignação na sociedade brasileira há pouco mais de um ano.
Quando exercia o cargo de Delegado-geral da polícia civil do Pará, fora questionado na Comissão de Direitos Humanos no Senado, sobre o caso da garota de 15 anos mantida numa cela juntamente com 20 homens, na cidade de Abaetetuba (PA). Respondeu simplesmente que a garota sofria de alguma debilidade mental, logo constatado que não era o caso. Ora, mesmo se sofresse de alguma deficiência mental, justificaria o fato de ser mantida numa cela masculina, sendo inclusive menor de idade, justificaria o fato de negligenciar a maneira que fora presa, a análise de documentos ou mesmo a busca de parentes que pudessem, ao menos saber da prisão da garota, e o que é pior, durante a sua prisão, sofrera constantes abusos por parte dos presos.
Esse é um dos casos acontecidos neste imenso país que temos conhecimento, o que falar dos casos omissos à opinião pública, como a existência de torturas no sistema prisional brasileiro. Apesar de toda repercussão do caso nacionalmente, inclusive com comentário do presidente da República, condenando a situação. Nenhum deles foram suficientes para impedir a posse do conhecido delegado. Desta forma, como poderemos resolver os problemas postos na sociedade permanecendo no erro? Definitivamente, há que trilharmos outros caminhos, pois uma coisa todos nós haveremos de concordar: a debilidade mental, neste caso, está no responsável pela nomeação do inerte delegado.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Expliquem-me por quê?

Venho acompanhando aterrorizado as imagens da ofensiva israelense à faixa de Gaza: vi uma criança palestina, opaco semblante, caminhado sobre os escombros de uma escola. Triste resto de um local, que já fora palco de ensinamentos, hoje, aprende-se que o homem está envolto de ódio e intolerância. No pedregoso chão, cápsulas de fuzis, provavelmente os mais poderosos criados pelo homem para exatamente matar outros homens.
Vi também uma mulher, estender as mãos para o alto, cujos joelhos estão colados ao piso no lado de fora do hospital Shifa, em Gaza. Mesmo se a imagem tivesse som, não compreenderia absolutamente nada do que possivelmente falava na hora da foto. Mas para quê som mesmo? A imagem fala por si só, imagem de desespero, tristeza, dor ou mesmo clemência aos céus e uma pergunta: por quê?
Outra imagem mostra um grupo de palestinos observarem atentamente os buracos das rajadas de metralhadoras e de morteiros numa parede. Olhares perdidos e atônitos diante aos estragos, cujas divisões remetem ser uma casa. Penso nos seres que estavam dentro daquela casa na hora do ataque. Fora na hora da alimentação? Na hora do repouso noturno? Se é que conseguiram com o barulho, ou mesmo na hora em que as crianças brincavam imunes ao que aconteciam do lado de fora?
Vi corpos sendo carregados, envoltos em panos da mais parca qualidade. Ao lado dos corpos, mais rostos: crianças, velhos, jovens, adultos e senhoras. Se qualquer pessoa tivesse a capacidade de diagramar esta foto e porventura retirasse aquele corpo da imagem, não seríamos tão mágicos e adivinhos o suficientes para compreender que o clima era sombrio, dolorosa história belicista. Se as fotos me causam tanta compaixão e ao mesmo tempo revolta e indignação àqueles que produzem a guerra, os senhores da riqueza, xeiques do poder, pulverizadores do ódio e do desamor. Reflito principalmente, como são capazes de repousar vossas cabeças todos os dias em vossas camas, mesmo sabendo que mais de 600 pessoas morreram no ataque e que a cada ofensiva dezenas de civis perdem suas mães, seus filhos, esposas, amigos, ou mesmo suas vidas. Será que não ressentem absolutamente nada?!!! Malditos corações de pedras e granitos!
O que me deixa mais estarrecido diante de tudo isto é a passividade, em que os governos de outros países tratam esta complexa questão, nenhum boicote, nenhuma carta de desaprovação e repúdio, nenhuma voz corajosa e desafiante se levanta entre as mórbidas e decrépitas nações complacentes, nenhum ser humanitário, cujo poder possa balançar a opinião pública. O mais repugnante de tudo isto é a defesa íntegra e diplomática dos EUA à Israel, os ataques, os rojões lançados, a tática adotada e acima de tudo: o aniquilamento covardemente de seres humanos.
Assim, me pergunto insistentemente, por que precisamos de territórios, cercas, arames demarcadores de regiões, muros delimitadores de etnias, propriedades privadas? Será que nunca entenderemos as sábias palavras de um certo índio norte-americano, quando disse que a terra não pertence ao homem, mas o homem pertence à terra? Enquanto muitos de nós, pobres mortais, nos perguntamos o porquê de todo este ódio, jamais deixarei de exprimir o que os senhores do poder se omitem em declamar: LIBERDADE À PALESTINA!!!