terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fome e distribuição mundial de alimentos

Em 2004, a ONU lançou um documento intitulado: “O Estado de Insegurança Alimentar no Mundo-2004” este relatório alertava que a fome e a desnutrição levavam à morte, todos os anos, mais de cinco milhões de crianças, na maioria nos países subdesenvolvidos e não somente, afinal, países industrializados, os chamados de primeiro mundo também sofriam esse male. E mais: a meta em reduzir a fome no mundo até 2015 pela metade não estava sendo conseguida, o resultado é que 852 milhões de pessoas se subalimentavam entre 2000 e 2002, um aumento de 180 milhões de pessoas em comparação aos anos de 1995 a 1997.
O fato é que este mesmo relatório lançou um dado no mínimo chocante, que a cada cinco segundos uma criança morria de fome no mundo por falta de alimentos. Passados cinco anos após este relatório, pouco ou nada se fizeram para tentar reverter este quadro, muito pelo contrário, em um novo estudo divulgado por Jacques Diouf, secretário Geral da FAO (Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), no dia 26 de janeiro de 2009, revelou que o número de pessoas atingidas por carências alimentares tinha subido para 963 milhões de pessoas. Mas afinal, por que a produção mundial de alimentos cresce tanto e ainda há pessoas que morrem de fome no mundo?
Calcula-se que entre 1900 e 2000, a produção alimentar mundial aumentou cerca de 600%. Graças ao uso de fertilizantes químicos, o desenvolvimento de máquinas e equipamentos agrícolas, o aprimoramento de técnicas agrícolas, entre outros fatores. Hoje temos tecnologia e produção suficiente para alimentarmos dois planetas terras. Se isso é uma realidade internacional, não seria diferente no nosso país, em 2007, o Brasil produziu 133 milhões de alimentos, um crescimento de 13,7% em comparação ao recorde de 2003 segundo o IBGE, ou seja, somente a produção de grãos poderia alimentar naturalmente mais de 180 milhões de habitantes do país. Atrelado a isso, o país está entre os maiores exportadores de carne bovina do mundo. De acordo com a ABIEC (Associação brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), no acumulado do ano (janeiro a outubro de 2008) o Brasil exportou pouco mais de 1,89 milhão de toneladas de carne bovina, com faturamento de 4,67 milhões de dólares, um aumento em 26% em receita, apesar da crise capitalista internacional que ocorreu no final do ano passado. Diante destes dados refletimos: quantos milhões de brasileiros comem carne ou simplesmente fazem uma das refeições diárias necessárias para a manutenção vital?
Este crescimento substancial da produção agrícola tanto nacional como internacional, não trouxe e não trará benefícios para a maioria da população que necessitam desta produção. O grande problema está na distribuição e apropriação destes alimentos pela classe dos capitalistas. O grande montante da produção é quase que exclusivamente para exportação, países como Estados Unidos, Rússia e Inglaterra, são alguns dos importadores da carne brasileira, por exemplo. Para agravar ainda mais a situação, alguns países utilizam o alimento para a produção de combustíveis, como é o caso do milho nos Estados Unidos, ou esbanjam indiscriminado consumo e desperdícios de alimentos.
Portanto, a crise alimentar no mundo é resultado da necessidade de acumular lucros por parte dos capitalistas, eles jamais abrirão mão dos seus lucros pela compaixão em alimentar milhões de famintos espalhados pelo mundo. Assim, só a luta revolucionária dos trabalhadores poderá acabar de uma vez por todas com a fome no mundo.

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